Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) viveu entre duas nacionalidades mas será sempre a mais internacional artista plástica portuguesa. Envolve a sua pintura numa poesia de cores e formas, cria composições abstratas únicas. Antes de ser a mais famosa artista da sua geração, Vieira da Silva é a menina de sentidos apurados que aos 5 anos “enche cadernos com desenhos” e aos onze anos já pinta a óleo. A família incentiva os seus dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura. Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais… parte então para Paris, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham. Tem aulas com professores ilustres, desenvolve amizade com artistas importantes, identifica-se com o abstracionismo, com o surrealismo e conhece o amor da sua vida, o pintor Arpad Szenes. Vivem uma cumplicidade total, trabalham juntos, muitas vezes expõem em conjunto. É também em Paris, em 1933, que faz a primeira exposição individual. Dos franceses recebe elogios, os portugueses ainda não a conhecem. As relações com Portugal ficam mais difíceis depois do casamento. Para Salazar, Arpad Szenes é um inimigo do regime, um húngaro comunista. A pintora perde encomendas, perde a paciência e deixa de ser cidadã do seu país. O casal refugia-se no Brasil durante a segunda Grande Guerra para depois regressar a Paris onde é bem recebido. Mais tarde, Vieira da Silva aceita a nacionalidade francesa. Por esta altura, o reconhecimento da sua obra é internacional. Vieira da Silva desenvolve composições abstratas inspiradas nas grandes cidades que redimensiona em traços suaves e poéticos. Trabalha ainda em ilustrações, decorações teatrais e dedica-se também à tapeçaria. Maria Helena Vieira da Silva demora 20 anos a fazer as pazes com Portugal. Como tantos outros portugueses, a reconciliação só chega no 25 de abril, no dia em que começou a liberdade. (fonte: RTP Ensina)
website da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva